no deserto
de sal e pedra.
A mão que segura a sua
é a minha. Não é a minha
sombra que desce a duna.
Não sou eu
o outro. Sou eu
o eco onírico
que verte
o que se perdeu.
Minha sombra sobe a duna
e lamenta. O sol a pino,
lírio nas águas. Miragem
longe nas asas perdidas.
Voo titubeante risca
o céu. Não é meu
o rosto posto no chão,
cílios ondulados
de suor e vento.
Cabelos refletindo
o pôr-do-sol.
Espelho
de languida lâmina
afiando seus traços.
A silhueta dança,
braços
e mãos em vermelho
revelam
ao longe o arrebol.
Olhos que olham os meus
ombros. Alados
cavalos descendo as sombras.
O crepúsculo serpenteia
a areia morna
e volta por detrás
do sono
e dorme.
Cansado de andar
em círculos. De sal
e pedra é teu rosto.
Lábios cerrados,
de esmerado corte.
Olhos
de areia e cal.
De volta o sol
depois da noite. O lamento
do vento e da areia
desenha
caminhos em tuas mãos.
Linhas fundas que se cruzam,
palmas em conchas marinhas.
Desço a duna até a praia:
minha sombra ao longe
chora
no horizonte
e se desfaz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário