quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Anima e Animus

Vértebra por vértebra
dos teus pensamentos,
dobrando-se em músculos moldados
nas mãos do oleiro.

A nuca posta
abriga o brilho de dez mil sóis
jorrando ao oposto do teu perfil
em transe: 

teu rosto.

A revoada delirante
dos teus olhos
preenche os espaços vazios
que foram esquecidos
em tua fronte. 

Mãos, braços e pernas
à luz da lua
em tua boca:

a gravidade no silêncio.

Os dedos fazem sulcos na pele,
córregos de suor
escorrendo para o mar:

tinta e sonho.

Porque há de ter cor e textura 
esta forma
que se abre no instante.

De momento em momento,
por todos os ângulos
expostos
às avessas:
verdade absoluta.


De repente,
do oleiro fez-se argila;
do criador, a criatura,
cega ao dobrar-se
no barro da vida.











Nenhum comentário:

Postar um comentário