terça-feira, 18 de outubro de 2016

Infância

(Para meu pai)

Corvos habitam meus ombros,
e minha voz
tem o silêncio das flores.

Meu pai
entorta sombras no espelho.
(Insetos agora atravessam meus olhos)

Chão veloz,
peixes em locas,
grasnar das aves,

Minha irmã esconde borboletas em tardes,
conversa com cavalos,
vigia o sono dos peixes.

Minha mãe penteia a praia,
constrói casas em begônias
e as ondas do mar

Tenho rinhas de briga e galos nos braços,
caracois feitos de trevas,
árvores cheias de aves que grasnam,
lagartas descendo as ervas.

O bezerro no confim da noite
tem os olhos do meu pai.

(Insetos entram-me pela boca)


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