segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O Invisível

Um abismo sobre as cabeças
          de quem procura
                                  sombras ao enternecer

(o que restou do cume alto?
                     o que restou da relva pálida?
                                                    o que restou dos anos mágicos?)

Uma fatia da sua cidade devastada
           e uma vela
         de aniversário

Todas as causas perdidas
Todos os sonhos vendidos

                             Uma lua branca no céu
               assombra senadores
                          honestos

O mundo está à deriva
  - Oh, meu capitão! Morreremos loucos!
               Fragatas em nuvens recolhem os feridos

(o que restou das torres altas?
                             o que restou do povo forte?)

Um clarão
                    um torvelhinho
      Uma fonte
                         uma nevasca

As guerras invisíveis
          As mortes silenciosas

Procurei o tempo que estava no início
procurei a fuga mais fácil da melodia
um dia como antes do primeiro dia
a linha do labirinto

Volvi os ventos nos cabelos
entornei a noite nos olhos
devorei manhãs em pensamentos

Feri a torre
teci o tempo

Ainda que não houvesse defesa
lá eu estava
        terrível
               imaculado

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