À beira do rio moram estranhos
lavam vasilhas
roupas
e tem feridas nos olhos
Dentro do rio os mortos se movem
comem lodo
óleo
e jogam dama
O rio é turvo, velho, cheio de dentes
sem peixes
sem voz
À margem
o tilintar da louça rachada
olhos malcheirosos
órbita ignóbil
Ninguém sabe se o rio corre
ou se está parado
morto
perna quebrada
O tempo é medido por sol
estrelas
e olhos dos mortos
De um lado ao outro
ninguém jamais ousou
somente à margem
era um lado só
Mas do outro lado estranhos
comem
dormem
e leem jornais
(Luciano Vivacqua)
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