quinta-feira, 3 de julho de 2014

DIZER O INDIZÍVEL (a Alphonsus de Guimaraens)



Dizer o indizível
é suportar a dor
das unhas que pomos
nas palavras,

qual pomos que tombam ,
noturnos,
onde não somos,
mas suspeitamos;

dizer as cores
com as consoantes
ou insetos
que nos perturbam
o sono;

dizer como aves que grasnam,
com a dissonância
da glote
quando deglutem palavras.

Dizer o indizível
e suportá-lo
é ainda mais difícil,
pois como alvos na linha de tiro
nos pomos.


(Luciano Vivacqua)

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