Não necessito de música,
só do branco
vazio do luto.
Abri os olhos turvos
e nada havia,
nada.
Crocitei tinta
das abissais
e à matriz voltei.
Rufei dos versos
penas bastardas,
falácias secas,
quimeras.
Pouco importa se
esganei,
se um hediondo esgar
de bico
soou breve
e comum.
Asas abertas
molhadas de um
negro visco
riscando o voo.
Visão moribunda
de agouro mau:
morto corpo
branco.
E mais
nada.
quarta-feira, 27 de março de 2013
quinta-feira, 14 de março de 2013
O Poeta
Primeiro abriu os olhos.
Só depois dormiu.
Andou em florestas densas,
foi atingido no peito.
Tantas guerras, tantas mortes,
não sobreviveu.
Chutou o balde. Debalde, morreu de novo na sexta-feira, embaixo do viaduto da Andradas, às 3 da madrugada.
Levantou-se,
empunhou a Lira,
declarou independência:
entortou manhãs em rios.
Do vento a terra lançada,
fogo consumindo o ar.
Depois fechou os olhos,
duas conchas no mar.
Só depois dormiu.
Andou em florestas densas,
foi atingido no peito.
Tantas guerras, tantas mortes,
não sobreviveu.
Chutou o balde. Debalde, morreu de novo na sexta-feira, embaixo do viaduto da Andradas, às 3 da madrugada.
Levantou-se,
empunhou a Lira,
declarou independência:
entortou manhãs em rios.
Do vento a terra lançada,
fogo consumindo o ar.
Depois fechou os olhos,
duas conchas no mar.
terça-feira, 12 de março de 2013
Revolvendo Sonhos
O que eu vi antes de ser
está morrendo
pouco a pouco
já era tempo
dos dias de aurora
da revoada branda sobre os campanários
do lento desfecho do golpe
a carruagem em desespero
e o galope bravio do grito
Mas o que existia não era
o que eu via
partiu-se
como aço maleável
em mãos
demiúrgas
como folhas em
branco de palavras
vazias
está morrendo
pouco a pouco
já era tempo
dos dias de aurora
da revoada branda sobre os campanários
do lento desfecho do golpe
a carruagem em desespero
e o galope bravio do grito
Mas o que existia não era
o que eu via
partiu-se
como aço maleável
em mãos
demiúrgas
como folhas em
branco de palavras
vazias
segunda-feira, 11 de março de 2013
Se o Tempo
Se o tempo fosse amigo
o outono seria inverno
as palavras brotariam secas
do cítrico frio
e nasceriam
Se o tempo fosse irmão
o vento desceria incauto
outro verbo cantaria
de dentro do peito
são
Se o tempo fosse criança
o alcance do choro
dança
bilboquê que lança
bem longe
a velhice mansa
Mas o tempo, inimigo velho
inquire fundo ao fosso
se o desejo amargo
um dia será doce
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