E os dedos velozes
Vibraram as cordas
Venosas da lira.
Eu li os sinais
inscritos nas mãos.
Não eram segredo
degredo distinto:
Versos vorazes
Em lágrimas postas
Na fronte do amor.
Não era lamento
Da Lira tardia
Que fia o verso
Em fio adverso.
Não era angústia
Augusta quimera
A voar à janela,
Não. Não era.
Por que minha dor
Em lentos compassos
No corpo desperto
Do sono da morte
Não causa terror?
Oh, lira, desmente
Que o som à janela
É um pássaro espúrio,
Crocita demente
O fim da canção...
Só posso dizer
Que as asas abertas
Do pássaro preto
Ecoam no vento
Em arestas de penas
Pouco a pouco,
pura ilusão.
Será má sorte?
Atreve-se a morte?
Em silêncio e trevas,
Me serve por hora
Que ela melhore,
que não padeça
Minha pobre Lenore.