quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Dark Lira

A palma arenosa
E os dedos velozes
Vibraram as cordas 
Venosas da lira. 

Eu li os sinais
inscritos nas mãos.
Não eram segredo
 degredo distinto:
Versos vorazes
Em lágrimas postas
Na fronte do amor.

Não era lamento
Da Lira tardia
Que fia o verso
Em fio adverso.

Não era angústia
Augusta quimera
A voar à janela,
Não. Não era.

Por que minha dor
Em lentos compassos
No corpo desperto
Do sono da morte
Não causa terror?

Oh, lira, desmente
Que o som à janela
É um pássaro espúrio,
Crocita demente 
O fim da canção...

Só posso dizer
Que as asas abertas 
Do pássaro preto
Ecoam no vento
Em arestas de penas
Pouco a pouco,
pura ilusão.

Será má sorte?
Atreve-se a morte?
Em silêncio e trevas,
Me serve por hora
Que ela melhore,
que  não padeça
Minha pobre Lenore. 












terça-feira, 29 de novembro de 2022

Fora de Mim

Carrego outro corpo

entre etéreos becos vazios,

absorto, entre portos,

perdido em silêncios 

de espanto.


De chumbo o olhar.

Concreto  eco me açoita.

De resto o relento

e um sentimento fora 

do mundo.